MERCADO DE LEILÕES CRESCE E INVESTE ON LINE


Empresas de remates investem na plataforma web e tentam atrair compradores que buscam praticidade, segurança e preços baixos



Pestana realiza simultaneamente eventos presenciais e onlines


Os gritos de “dou-lhe uma, dou-lhe duas” se mantiveram, mas as mãos levantadas para sinalizar o lance dão espaço aos cliques. O número de participações online e presencial segue bastante equiparado, no entanto, o estímulo ao uso das ferramentas online é a principal iniciativa das empresas de remate para atrair um público maior e mais diversificado.

Em um galpão amplo, com estacionamento e lancheria, a Pestana Leilões investe em um espaço de negócios com aparatos eletrônicos se misturando aos gritos dos leiloeiros. Unindo o método tradicional de venda em leilão com as facilidades que a internet oferece, a empresa é a única no Brasil que realiza simultaneamente leilão presencial e online.

Para participar pela web o usuário deve fazer um cadastro no site da organização e disponibilizar dados como CPF e RG. O leilão pode ser acompanhado em tempo real. Tanto os participantes do leilão físico quanto virtual têm à disposição uma tela com a cotação do lote, número e fotos da mercadoria. Além disso, um dia antes os bens podem ser visitados e/ou visualizados pela internet e no local para que o comprador possa avaliar a qualidade do produto.

A Pestana é a maior organização do Sul do País especializada em leilões empresariais, modalidade que diferentemente dos leilões judiciais ou extrajudiciais oferece riscos menores ao comprador, já que os produtos comercializados não possuem dívidas ou problemas com documentação. “Quando alguém compra um produto conosco sabe que assim que efetuar o pagamento, normalmente feito à vista, receberá o documento do automóvel ou imóvel sem nenhum tipo de pendência”, explica Renan Dall’Astra, preposto dos leiloeiros Liliamar Pestana Gomes e Reinaldo Pestana Gomes.

Isso porque as mercadorias comercializadas em leilões empresariais vêm de bancos, seguradoras e empresas privadas. No caso dos bancos, os veículos e imóveis chegam à Pestana Leilões por meio da retomada de financiamentos com dívidas não honradas, as seguradoras recorrem ao remate para vender as mercadorias sinistradas, e as empresas privadas buscam o serviço para vender a frota de veículos, as máquinas e quaisquer outros bens sendo substituídos. “Algumas vezes os bens adquiridos em leilões judiciais ou extrajudiciais podem ser mais baratos, mas os leilões empresariais são muito mais seguros, pois os bancos e seguradoras regularizam a situação dos bens antes de vender”, enfatiza Dall’Astra.

A maior empresa de leilões judiciais e extrajudiciais do interior do Estado, a Cargnelutti Leilões, também nota um aumento na procura por leilões online, apesar das pessoas ainda se mostrarem mais interessadas em participar presencialmente dos trâmites, principalmente para verem pessoalmente os bens. Com depósitos próprios e terceirizados localizados em Ijuí, Santo Ângelo, Santa Rosa, Três de Maio, Santo Augusto e Soledade, a empresa realiza leilões da Justiça Federal, Estadual e do Trabalho, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banrisul, Correios e Telégrafos, Exército Nacional, entre outros órgãos.

A empresa faz uma média de 20 leilões por mês e oferece mercadorias variadas, incluindo imóveis, móveis e animais. Contando com mais de 25 anos de profissão, o leiloeiro João Antônio Cargnelutti disse que há um aumento no número de participantes nos remates.

Lembra que “apesar de a internet ter ajudado a alavancar o setor, ela também fez cair o número de penhoras, pois as pessoas vendem seus bens em sites especializados”. No entanto, o leiloeiro se mostra confiante no futuro dos leilões online.
Bons descontos são a principal preocupação dos consumidores

No caso dos leilões empresariais, mais do que buscar facilidade, os consumidores buscam valores abaixo do mercado. Segundo Renan Dall’Astra, da Pestana Leilões, os valores de desconto variam muito entre os bens, mas sempre são oferecidos preços mais atrativos do que no mercado tradicional. “Os veículos chegam a ter valores de 15% a 20% abaixo do valor da Tabela Fipe (que expressa preços médios de veículos no mercado nacional)”, exemplifica.

O maior leilão já feito pela empresa em termos de valor foi a oferta de sete áreas e edificações da BRF na região Sul, em maio deste ano. Nessa transação, apenas a venda de um terreno de 100 mil metros quadrados da antiga Avipal, na avenida Cavalhada, zona Sul da Capital, para a construtora Melnick Even, resultou na movimentação de um total de R$ 22 milhões.

Servindo apenas como intermediador da venda, a Pestana segue as exigências de cobrança feitas pelas contratantes. “Como a maior parte dos leilões que fazemos é de carros, normalmente os pagamentos são à vista. No entanto, no caso de leilões de imóveis, os valores são muito altos, então na maior parte dos casos o pagamento pode ser parcelado”, explica Dall’Astra.

O leiloeiro João Antonio Cargnelutti defende que o leilão “é uma licitação cristalina, na qual todo mundo pode ver, seja online ou presencialmente, os lances dados”. Especializados em leilões judiciais e extrajudiciais, Cargnelutti diz que o meio é tão seguro que os órgãos públicos utilizam amplamente o serviço da empresa. “As prefeituras são órgãos que estão usando muito. Agora, ao invés das vendas serem feitas através de proposta fechada, eles são destinados a um leilão e tudo é feito com total segurança e transparência”, lembra o leiloeiro.

Para garantir a segurança dos compradores, o Sindicato dos Leiloeiros do Rio Grande do Sul (Sindilei RS) disponibiliza uma relação dos sindicalizados. Além disso, é possível acompanhar as datas de alguns dos leilões, tanto judiciais e extrajudiciais quanto empresariais, realizados no Estado e se informar sobre como participar ativamente dos processos.
Setor de venda de animais aposta na diversidade

Desde 1961 em atividade, a Trajano Silva Leilões é pioneira no segmento de leilão de animais no Rio Grande do Sul. Graças à preocupação em acompanhar as tendências do mercado, a organização se manteve ativa, realizando, atualmente, cerca de 80 leilões por ano. A empresa familiar também disponibiliza serviços pela internet e aceita distintas formas de pagamento, o que garantiu que em 2012 fossem movimentados mais de R$ 50 milhões pela empresa.

Agora, o diretor da Trajano Silva, Marcelo Silva, se prepara para a Expointer, ponto alto dos leilões de gado e cavalo. “Este ano faremos seis leilões durante a feira, e a perspectiva é de que a movimentação seja ainda melhor do que nos anos anteriores”, afirma o empresário, confiante no desenvolvimento do setor.

Atualmente, o diretor explica que basta o produtor separar os animais que deseja vender e em pouco tempo está tudo resolvido. “Os leilões garantiram maior democratização das vendas, já que os valores sempre são negociados e facilitaram tanto a vida de quem vende quanto a de quem compra”, garante Silva.

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